O que é a Psicologia?

1) Quando é que a Psicologia se constitui como ciência?

A Psicologia tornou-se ciência nos finais do século XIX quando Wundt definiu um objecto e um método que o permitisse estudar, preenchendo assim os requisitos de uma ciência. Como objecto este autor preocupou-se essencialmente com o estudo da mente, das sensações, pois defendia que estas estavam para a Psicologia, assim como os átomos estavam para as ciências naturais, sendo os elementos mais simples que posteriormente permitiriam a compreensão da restante mente humana. O método usado foi essencialmente a introspecção, que diz respeito a uma observação interna, de um modo controlado.

Para demarcar o carácter científico da Psicologia, este autor em 1819 usou o primeiro laboratório de Psicologia, que iria revolucionar o modo como esta era entendida e respeitada pelas pessoas.

2) Como? Quais foram as principais correntes e quais os seus objectos e métodos?

Após ter surgido no séc V a.C. na Grécia como um saber da Filosofia, já no séc XIX com Wundt, e à semelhança das outras ciências naturais e humanas, a Psicologia torna-se uma ciência autónoma já que este autor definiu um objecto, a consciência, e metodologias que o permitissem estudar (essencialmente a introspecção). Neste processo de cientificação foi importante o facto de este autor, é semelhança dos estudiosos das ciências naturais, tentar reduzir o seu objecto aos elementos mais simples, no caso da mente humana, as sensações.

Um dos primeiros estudiosos desta disciplina foi Darwin, que utilizando a observação naturalista, estudou a evolução e a emoção humana. Relativamente à evolução concluiu que esta deriva essencialmente do processo de selecção natural – no caso do Homem denomina-se hominização e baseia-se no dialecto pé-mão-cérebro. Já quanto à emoção estudou-a através de fontes como antropólogos e os próprios filhos, concluindo que vários estados emotivos se traduzem em diferentes movimentos e expressões corporais.

Wundt estudou a consciência humana através do método introspectivo. Defendia um paralelismo entre corpo e mente, sendo que a Psicologia devia, à semelhança das outras ciências já institucionalizadas, estudar os elementos mais simples da mente, as sensações, que posteriormente se complexificam.

Freud estudou o inconsciente, a sexualidade infantil (diferenciou sexual de genital), e as pulsões, usando essencialmente metodologias psicanalíticas. Encarava o Homem como produto de conflitos psíquicos (inconsciente, pré consciente, consciente).

Com Watson a Psicologia marca de vez a sua posição no mundo das ciências já que este autor estudou o comportamente, através da experimentação, sendo este um objecto observável ao contrário da mente que ele tanto criticava (critico de Wundt). Este autor encarava ainda o Homem como um produto de aprendizagem.

Kohler foi um critico das percepções como sendo um conjunto de sensações elementares, já que segundo este autor no modo como estruturamos a realidade (percepção) o conjunto é diferente que a soma das partes que o constituem.

Piaget, um cognitivista, defendeu que não nascemos com as estruturas cognitivas, mas construímo-las pela interacção que estabelecemos com o meio durante os primeiros 15 anos de vida. Estas estruturas vão-se adquirindo ao longo de 4 estádios cognitivos através dos processos de assimilação e acomodação.

Na Psicologia também teve importância Bruner, o seu objecto era também a mente. Pensa como Piaget mas defende que os factores que influenciam o nosso desenvolvimento cognitivo são a cultura e a educação.

Por último, e mais recentemente, podemos falar do português neurologista António Damásio que introduz uma nova teoria que defende que corpo, mente e cérebro são uma totalidade inseparável, actuam em conjunto e influenciam-se mutuamente. Como principal método usa a análise dos seus pacientes.

3) Actualmente, qual é o principal objecto em Psicologia?

            Actualmente a Psicologia estuda os comportamentos e os processos mentais, partindo da sua descrição para a explicação desses comportamentos de modo a poder prever e controlar as respostas comportamentais.

4) E os principais métodos e técnicas?

        Os principais métodos utilizados no ramo da psicologia são vários, método introspectivo, método de observação, método experimental, método clínico e método psicanalítico. As métodos correspondem enumeras, técnica de introspecção controlada, técnica de experimentação, técnica de generalização, técnica de entrevista, técnica de anamnese, técnica de analise de actos falhados técnica de interpretação de sonhos e por ultimo, técnicas psicométricas.

5) Quais as principais diferenças entre os conhecimentos da ciência e do senso comum?

O senso comum é um conhecimento que varia com a época de acordo com o conhecimento relativo da maioria. Baseia-se em experiências empíricas, ou seja, constrói-se a partir da informação proveniente dos sentidos.

A ciência é menos crédula procurando através da razão e de métodos experimentais a comprovação da informação que recebe dos sentidos baseando-se em factos.

O senso comum e a ciência são dois extremos do mesmo fenómeno. A ciência é vista como o extremo construtor do conhecimento que faz este evoluir. O senso comum representa a visão conservadora do conhecimento tendo como principal característica a imobilidade.

6) Psicologia Aplicada: qual o objecto e principais métodos da Psicologia do Desenvolvimento?

            A Psicologia do Desenvolvimento tem como objecto o próprio desenvolvimento, que se caracteriza por englobar as mudanças das estruturas físicas, neurológicas e corporais (do corpo), e as mudanças do comportamento, nas estruturas psicológicas e nos traços de personalidade relativamente duradouros. Estas mudanças podem ser consideradas ao nível da evolução da espécie (filgenia) ou ao nível do próprio indivíduo (ontogenia).

            Quanto aos métodos utilizados pela Psicologia do Desenvolvimento podemos identificar os métodos de diagnostico, visam a informação; os métodos de intervenção, visam a mudança; os métodos nomotéticos, visam a lei geral,; os métodos idiográficos, visam o caso particular; o método clínico, procura o estudo aprofundado do individuo nas suas particularidades; o método experimental, que se caracteriza pela formulação prévia de hipóteses, pela selecção aleatória de participantes e pelo controlo das variáveis (permite fazer interferências causais); o método correlacional, que observa as variáveis procurando uma correlação, sem as manipular; os estudos descritivos causais, estudo do tipo correlacional que parte de hipóteses causais pré-definidas que sugerem relações causais;  os métodos dos testes, submiçao dos participantes a provas; os estudos de campo, observação dos fenómenos no seu ambiente natural sem qualquer intervenção do observador; os métodos antropológicos e transculturais, estudos de campo realizados em diferentes culturas; os métodos longitudinais, muito úteis à Psicologia do Desenvolvimento já que mostram os efeitos do tempo ao longo da idade; os métodos transversais, que consiste em observar diferentes grupos de indivíduos de diversas idades; os estudos de casos, uma investigação aprofundada do que se passa com um individuo em concreto; as narrações literárias, o sujeito narra o que lhe aconteceu de modo a levá-lo à reflexão; os estudos de observação participante, em que o investigador participa nas actividades que pretende examinar; e os estudos de investigação-acção, estudos de intervenção nos quais se parte do conhecimento quer duma linha de base quer duma hipótese sobre os resultados de uma intervenção e depois se vai afinando a intervenção em conformidade com os resultados observados no desenvolvimento da intervenção.